quinta-feira, dezembro 15, 2005

passatempo

uma distração em livros descolores
a televisão me mostra mil amores
telefonemas vazios me ocupam o tempo
e eu sem me importar em viver

e esse inverno incessante insiste em me paralisar
tudo é como era antes, tudo continua em seu lugar

entre distrações em capas de revista
horas de salão não me tornam artista
frases soltas eu solto pra quem cruza o caminho
e eu sem me envolver pra valer

e esse inferno inconstante insiste em me atrapalhar
mesmo estando tão distante, sei que tudo isso vai passar

pois quando eu te encontrar
no meio dessa multidão
vou dar adeus à solidão
eu sei que não
vou me desapontar...

segunda-feira, outubro 10, 2005

gravidade

Como um mata borrão a vida me esmaga contra uma folha de papel, me transformando em mais um personagem de história de livros. Sem saber o que vai ser de mim ao virar da próxima página.

E eu ando pelo rodapé esperando que alguma mão amiga me ajude a transpor tamanho obstáculo imposto por uma simples página.

E assim, a cada passo, aspiro o cabeçalho na minha utópica jornada de ascensão, mas que não pode lutar contra essa maldita gravidade...

Força que vem não sei de onde, mas com destino certo: pra baixo! E bem em cima da minha cabeça como um martelo batendo num prego em direção à parede que resiste a essa intrusão.

E com toda essa intensidade, derruba meu ânimo, meus sonhos, minha perseverança, minha esperança... Penduradas por um frágil fio apreensivo pela sua breve vida.

Agora, meu esforço está em segurar esse fio, de mantê-lo ainda atrelado a mim de alguma maneira... Pra mim! Por mim!

Pq a bunda e os peitos eu posso deixar que ela leve, mas meu coração não!

terça-feira, setembro 20, 2005

floquinhos de coração

Aromas adocicados
Abraços apertados
Beijos bem molhados
Dedos entrelaçados

Círculos cor-de-rosa
Ondas nervosas
Sorrisos no fim do dia
Momentos de alegria

Lágrimas invisíveis
Momentos indescritíveis
Quadrado virando círculo
O fim se tornando o início

Floquinhos de coração!

Nada mais que isso...

quarta-feira, agosto 17, 2005

espaço?!

Hj as luzes não ascenderam
Os brilhos não ofuscaram
As flores não renasceram
E o céu não azulou

A escuridão predominante
Minha mente bloqueou
Por menos de um instante
Penso que o mundo acabou

As pernas vacilam
Os olhos não sentem
As mãos não me guiam
Por esse espaço latente

Não há cima nem baixo
Nem gato e sapato
Paredes, nem chão
Só imensidão...

E eu perdida não sei onde
Se na terra ou no ar
No fogo ou no mar
Sem pressão
Sem impressão

Não sei se flutuo ou vôo
Mas eu vou
Se ando ou nado
Não é nada...

E nesse não sei o que
Não sei como
Nem pra onde...

Só me resta aguardar...

E aguardar...

Notícias daquele lugar!

segunda-feira, agosto 15, 2005

a-corda

Uma corda circunda meu pescoço...
Uma corda grossa, áspera e sem esforço,
Espera as ordens de chutar ao banco
E me despencar do barranco.

Ô corda infame
Como cobra inane
Encolhidinha à espera da sorte
E da comida pra dar o bote

E vem como quem não quer nada
Pra não me deixar apavorada
Desce pelos meus cabelos
Tremendo-me os joelhos

Espirais soltos no ar
Em lentas curvas a pousar
Delicadamente sobre minha pele
Sem se mostrar que fere

Mais repele...
Toda a tentativa frustrada de evitar o nó
Que se forma a cada volta

Apertando a maçã proibida
Aquela q palpita
Quando o ardor é suficiente
Pra permitir q a dor escape pelos poros
Quando a boca não consente...

terça-feira, agosto 02, 2005

pacotinho

Numa certa tarde de domingo, alguém bate à minha porta...
São toques leves, discretos, de quem não quer ser percebido à sua volta.
Ou que hesita se realmente deve bater ou não...

Mas bateu! Deixou algo no batente, virou e se foi... Não sei dizer se olhou pra trás. Mas enfim, de que importa isso realmente? Olhar ou não pra trás? Já estava feito!

E eu, em luta contra a letargia q insiste em me consumir a cada dia, levantei de onde estava e a passos lentos e dolorosos, abri a porta que iria permitir que um pouco de luz adrentasse meu recinto.

E meio q sem saber, deixei um facho entrar sorrateiramente. Mas ele naum veio só. Trouxe consigo um som diferente do que percebia trancada em meu quarto. Um som humano... um som.. emotivo... um choro... um choro de criança.

E assim, estimulada pelo movimento natural e habitual de olhar para meu próprio umbigo, vislumbrei aos meus pés um pacotinho bem miudinho... enrolado em mil lençóis brancos e perfumados, aninhados numa pequena e improvisada cesta de vime... criança linda, muito pequena, que me pedia ajuda.

Mas eu via apenas um ser voluntarioso, independente, cheio de si e que estava ali para me ajudar a olhar pra fora do quarto. Achei q havia chegado a hora de sair do meu estado de dormência para conhecer o mundo...

E assim, foi!

Até qd comecei a deixar que as vontades da criança dominassem os meus passos... que os papéis se invertessem. Ela mandava em mim. Se saía na rua era pra levar-lhe para passear, se ia ao mercado era para comprar-lhe algo, se cozinhava era pra matar-lhe a fome... e eu, como nunca tivera vontade própria, nunca achei que tivesse fazendo algo errado.

E nesse novo vício aparentemente libertador, não lembrei de mim, como nunca havia lembrado.

Relapsamente, não lembrei que aquele ser era apenas uma criança...

que precisava de ajuda e orientação...
que precisava de carinho e compreensão...
de sim e de não!...

E o pior de tudo é que esqueci de lembrar que quem é mais criança sou eu...
E esquecendo de me mostrar, naum lembrei de procurar um ombro pra chorar...

E chorar...
E chorar...
E chorar...

Até alguém me ninar...

segunda-feira, julho 25, 2005

formiguinha

Uma formiguinha caminha lentamente... uma formiguinha caminha sorridente... uma patinha após a outra, silenciosamente sobe pelo meu pescoço.

Ela para e dá uma olhadinha. Rebolando como uma joaninha. Encontra sua amiguinha e a avisa o lado a seguir.

Ela naum procura alimento, ela própria tem sustento. Uma mina infindável de guloseimas à sua disposição.

Mas ela nunca cansa. Ela é uma criança, que naum percebe que o perigo está logo ali.

Mas no final das contas, naum se dá por tonta e percebe q ela naum traz o perigo... ela apenas trabalha e caminha, numa marcha rapidinha (pras formiguinhas) ao longo do meu pescocinho até chegar no meu ouvidinho.

E atrás dessa minha orelha, mais que uma pentelha, mora lá a pulga, que lhe aconselha, qd dá na telha, a dar meia-volta-volver. Até pq ela naum vai querer ter q ver e ouvir os maus conselhos da dona pulga, que já, cheia de rugas, bota minhoca na minha cabeça...

Até q o dia amanheça!

quinta-feira, julho 21, 2005

rrrrrrrrrrrrrrrrrrrring!!!

Nossa... que horas são? Que dia é hj? E como estão?
As coisas que nunca tive coragem de perceber
Por achar em vão a tentativa de mudar o que era tão certo...

Nossa como dormi! Como pensei que o sonho, essa ilusão,
que esse estado alterado de consciência era real... era vida!

E ao contrário do que pudesse esperar, ou que possa parecer...
Minhas juntas naum doem...
Meu corpo naum pesa...
Minha mente naum reluta...
Naum se prende ao vício...
Naum deseja o que é errado...
Naum quer dormir novamente!

E quando caminho, parece que tenho asas...
Elas me levam pelo caminho mais correto...
Onde a dor é estado passageiro...
Onde o costume não tem vez...
Onde o amor releva, mas não é conivente...
Onde as feridas cicatrizam de verdade.

Quero apenas q essa frustração por naum ter acordado mais cedo passe...
E passe logo...

terça-feira, julho 19, 2005

castelo

Um dia eu governei um castelo... Daqueles bem grandes e suntuosos, que abrigam milhares de seres prontos pra compartilhar o bem. Meu castelo tinha campos verdes, jardins de tulipas vermelhas e lírios cor-de-abóbora, com uma faixa infinita de girassóis amarelos gigantes refletindo energia vital pra todo o reino. E sim, eu era uma rainha... a mais feliz rainha ao lado do melhor rei.

O sol sempre brilhava no meu reino. O céu sempre azul, os rouxinóis, coelhinhos e sapinhos em sua suave rotina me davam alegria de viver.

E então veio a tempestade... Rajadas fortes de vento, gotas duras como pedra, ferindo os homens, animais e até a terra, q se abria pra naum ter mais q suportar tamanha dor. E o mais temido: o furacão! Derrubou cada pedra levantada, cada flor brotada, cada esperança enraizada...

Como chumbo, vem a culpa me pesar nos ombros. Susurro maligno em meu íntimo: “quem mandou naum vigiar seu reino?...” Mas pra quê? Se ele era tão calmo e tranqüilo?... Sim, em sonhos bons, utópicos ele era tudo o q eu queria. E eu quis governar só, sem pedir ajuda, nem ao menos ao meu rei.

E por isso a culpa... maldita culpa.

Mas sim! Eu vou reconstruir esse reino... pedra por pedra! E só! Naum fui eu quem derrubou? Então vou levantá-lo ainda mais forte e bonito. Doce ilusão... Essa maldita me perseguiu a cada passo, a cada esforço, a cada resolução e a cada lágrima derrubada. Me balançou as pernas e abalou as idéias. Mas eu fiz o q pude.

Pena naum ser o suficiente... faltou... a pitada mágica!

E então um tornado ainda mais violento e impiedoso... terremótico... veio e arrancou a reconstrução. Toda e qq raiz da terra, qq sinal de vida e de felicidade q ainda existia. E ELA bateu à minha porta! Eu ainda olhei, pensei e pensei... mas, desta vez, naum deixei entrar!

Descobri q a maior força q impedia meu castelo de ficar em pé naum era fenômeno natural algum... Era uma mente poderosa... q naum acreditou na minha força de construção, e ao invés de se juntar a mim, resolveu esperar... e qd a gente espera demais, a vida resolve pela gente.

Agora eu tenho o poder de construir castelos e semear vida! Nem que seja em outro quintal...

sexta-feira, julho 15, 2005

O Sete

Um sete vira ao contrário e ao avesso. Vira rasgando por dentro o meu peito e fura lá no fundo me mostrando o que há por vir.

Que a vida é dura. Que o azar persegue quem naum nasce com estrela na testa e que pior ainda há...

Como pode, magro e imperceptível, forte e impassível, ímpar, vem o sete me morder! Me marcar a ferro e fogo, um número escarlate no meio da cabeça, sem piedade.

Mas então, como um belo sete, esguio e charmoso, pode causar tamanha impressão maligna sobre minha pessoa... como que o que anuncia o mau agouro de uma vida inteira?

E ele disputa com o oito... gordinho e desengonçado, mas em equilíbrio. Lento... certo... par! Como toda a sorte duradoura, q qd chega naum vai embora mais.

Ô sete medonho... efêmero, setânico!

...que tenho tanto medo de ti, sem saber q és de quem mais preciso no momento.

Sete q me traga abalo, q me traga confusão, q me traga informação, inquietação e mudança...

Sem o sete, naum posso ter o oito. O oito vem depois do sete. Cardinalmente tb! Mas a bolinha de cima só se equilibra na de baixo qd sobe pela perna do sete alto que lhe dá um calce.

E dá-lhe sete...

segunda-feira, julho 11, 2005

pedrinha

Uma pedrinha bateu no meu coração... uma pedrinha bem miudinha. Daquelas que a gente nem vê qd jogam em vc. Mas às vezes, ela vem com tanta força q os danos não são mensuráveis a olho nu.

E ela veio com toda a força devastadora de um furacão. Um buraco aberto...

E veio a chuva... uma chuva forte, tempestuosa, violenta! Que se apossou do meu coração como se ele fosse um depósito de lágrimas esperando pra ser cheio por completo. Só q ele nunca enche. Ele jorra e jorra cada vez mais pq esse buraquinho ainda tá aberto e eu não consegui um cimento forte o suficiente pra fechá-lo.

Só sei q foi assim... sem sentir. Sem previsão meteorológica, sem confiança no sexto sentido, nem muito menos gritos de perigo. E agora estou no meio de toda essa água tentando juntar forças pra continuar nadando.

Logo agora q os campos começavam a florescer novamente...

Mas quem sabe, né? Geralmente depois de uma tempestade tem sempre um céu azul...

sábado, junho 25, 2005

passarinho

Um passarinho veio voando bem de longe, de longe mesmo, do galho de uma árvore q sempre quis alcançar, mais ainda não tenho asas pra isso... Veio bem devagarinho, silenciosamente, num dia de sol que escondia uma chuva por vir. Ele pousou na minha beirada da minha janelinha e quietinho, esperou q eu, incrédula, notasse sua bem quista presença. Um sussurro então secou minhas lágrimas.

Ele dizia que nem é de tão longe assim, e q aquele galho... ihhhh às vezes dá vontade de q ele quebre, pois ele nem é tão firme e forte assim.

Seu sussurro penetrou minha mente como um bálsamo dizendo que há muito escuta meu choro distante e meus pedidos de ajuda, reforçadas por preces fervorosas no calar da noite. E eu chorei...

Lembrei do quanto naum quis pedir, nem chorar, nem rezar, nem mostrar fraquezas além das minhas quatro paredes. E de qd resolvi fazê-lo... baixinho mesmo, virada pra janela, olhando pra lua e pro céu q tanto me fascina e me dá medo.

E ele escutou. E veio até mim! Me deu consolo, me deu força e vontade pra continuar. E com suas belas e confortantes asas me abraçou, um abraço consolador de igual pra igual. Novamente me injetou imagens trazidas diretamente de minhas preces para dentro da minha imaginação e me abençoou.

Voltou para seu ninho.

Mas agora eu sei q tem um passarinho q olha por mim e q tb olho por ele pra q seu ninho naum caia daquele galho. De agora em diante, minhas janelas ficam sempre abertas...

e com alpiste!

terça-feira, junho 07, 2005

agüinhas...

Acordei depois de um sono agitado. A casa cheia de gente que nunca vi. Muitas crianças... Skates, bolas e bolinhas, ping-pong, corre-corre, esconde-esconde, velocípede e caminhão. Uma só diversão. Antes fosse tudo muito bom, mas eu não estou em casa e que casa, hein? Mais pra casarão. Se naum fosse um apartamentão...

Rostos conhecidos e outros não caminham como se o papel a desempenhar ali fosse apenas a repetição do que acontece todo dia. Mas eu não sei o que faço ali. Até perceber que a casa de Di é a nossa casa. Minha, dele, de pi e do galego. Tá, mas e as crianças? Sei lá quem são essas crianças... Pode até ser que um dia eu realize o sonho de expandir meu instinto maternal a um número expressivamente parecido com o de uma creche, mas agora eu naum posso comprar nem meu leite... haja instinto! Mas dona Edna e seu Dídimo tão lá tb, até Bete e Biu.

Depois de passado o susto, tento me lembrar o pq da inquietação com a qual levantei da cama e quem eu procuro. Sim, eu preciso dizer algo a alguém, mas o quê?

Precisamos sair dali, daquele lugar aparentemente tão grande, iluminado e alegre. Pq ninguém pode viver numa ilha, e era exatamente onde estávamos.

Ninguém escuta os estrondos... O sol forte e o céu azul junto com a gritaria das crianças escondem o que não vemos do 15º andar.

A gente mora na beira do rio?
Rio?!?!?! Que rio?!?!?
Esse onde o pessoal tá surfando...
Eita, é por isso que tá esse barulho todo, né?
São as ondas batendo no prédio...

Vamo embora!!! Olha como as crianças estão alegres...

Pena que já acordei...

quinta-feira, junho 02, 2005

a luzinha

Uma luzinha oscilante no céu de ontem à noite me chamou a atenção como me havia chamado uma vez há uma no atrás. Uma vez que eu digo em meu estado desperta pq durante o período de inconsciência temporária provocada pelo sono [ou de maior consciência] isso é muito comum.

Sim, mas voltando à luzinha, ela me apareceu em meio a um céu vazio, sem cor, sem luz, sem nuvens, nem estrelas... Nem ao menos a lua, pelo menos de onde eu estava. E sim, ela me atraiu que, involuntariamente, mesmo já deitada pra dormir [não lembro bem se já estava até dormindo], levantei num impulso para vê-la melhor. Como se o fato de levantar me aproximasse tanto dessa luz que pudesse superar os 10 graus de miopia que ganhei de herança do meu pai. Sim, meus óculos... Mas imaginem bem, principalmente os que usam óculos e lembrem qd vcs os colocam. Todas as luzes passam a se resumir a um pequeno ponto. Toda a faixa luminosa ao seu redor some... Como que entra pelo ralo, escoa! Agora se perguntem se eu queria q isso acontecesse.

Colocar os óculos seria como apagar o brilho da luzinha, resumi-la a um ínfimo ponto qd naquele momento ela era o mais importante em todo o céu... A única cor numa tela preta!

Então me entreguei ao deleite daquele ser luminoso que por algumas frações de minuto foi capaz de me proporcionar tamanha alegria. Sim, alegria. Pq esse arfar aliado a um sorriso sem razão nem precedentes só pode se chamar alegria.

Foi quando percebi que ela não estava inerte á imensidão que a circundava. Ela se movia. E fui com ela, acompanhei seu percurso até onde meu olho permitiu, e a partir daí resolvi acompanhá-la com minha mente, de olhos fechados, já que esta não me impõe restrições e tem um limite do tamanho do infinito...

terça-feira, maio 31, 2005

sonolência

Sempre quando começo a escrever, parto do princípio de notei algo a partir do meu “acordar”. Tipo, “hoje eu acordei sentindo isso, ou pensando aquilo, notando aquilo outro...”. Hoje parei pra pensar no que significa pra mim esse acordar...

Primeiramente, o acordar pode ser entendido em seu uso ordinário da palavra: acordar de manhã. E por que então me sentir assim apenas quando acordo. Será que no decorrer do meu dia, esqueço quem sou e que tenho opiniões? Perco minha capacidade de análises? Meu sentimento e minha sensibilidade? Ou talvez no fim do dia eu já esteja tão cansada de tudo que quero apenas esquecer um pouco o que sou? Isso me impede de refletir? Será que, apenas quando levanto de manhã e quando ainda não estou em contato com o mundo exterior posse ser eu mesma? Ou será que assim tenho lembranças mais puras e próximas do que andei aprendendo durante minhas andanças noturnas? Mas então que diabos de pessoa sou eu, afinal? Bem, se soubesse responder estas questões, talvez não precisasse escrever. Escrever é um hábito daqueles que não conseguem resolver suas angustias de forma convencional.

Em seu sentido figurado, o acordar pode ser entendido como o se dar conta de alguma coisa. O sair de um estado de confusão ou obscuridade mental pra uma conscientização de uma realidade até então despercebida. E isso pode acontecer em vários níveis menores, no nosso cotidiano, ou violentos, algumas [ou nenhuma] vezes na vida. Sim, nenhuma... Fico pensando o que seria de mim se não tivesse parado pra resolver mudar minha vida. Me martirizo constantemente por não ser melhor do que sou, por me importar demais com que os outros falam, mas não sei como teria me reformado dessa maneira se não fossem as pessoas mais próximas de mim.

Assim, “acordei” lentamente várias vezes na minha vida, e acabo de acordar bruscamente! Não sei o que andei fazendo de noite pra acordar na minha cama de manhã com a certeza de que me dei conta de coisas que deveria mudar, e que me fez acordar pra uma verdade que me custa acreditar.

E assim, vivo em eterna luta entre o acordar e o dormir porque ou você quer entender o que aconteceu, ou fugir do que você acaba de perceber. Acordar pode ser doloroso quando nos mostra o que não queremos que seja verdade, mas quando acontece a adaptação completa ao estado desperto, o acordar pode [e deve] ser uma condição imprescindível para a vida.

Ninguém pode viver dormindo...