terça-feira, maio 31, 2005

sonolência

Sempre quando começo a escrever, parto do princípio de notei algo a partir do meu “acordar”. Tipo, “hoje eu acordei sentindo isso, ou pensando aquilo, notando aquilo outro...”. Hoje parei pra pensar no que significa pra mim esse acordar...

Primeiramente, o acordar pode ser entendido em seu uso ordinário da palavra: acordar de manhã. E por que então me sentir assim apenas quando acordo. Será que no decorrer do meu dia, esqueço quem sou e que tenho opiniões? Perco minha capacidade de análises? Meu sentimento e minha sensibilidade? Ou talvez no fim do dia eu já esteja tão cansada de tudo que quero apenas esquecer um pouco o que sou? Isso me impede de refletir? Será que, apenas quando levanto de manhã e quando ainda não estou em contato com o mundo exterior posse ser eu mesma? Ou será que assim tenho lembranças mais puras e próximas do que andei aprendendo durante minhas andanças noturnas? Mas então que diabos de pessoa sou eu, afinal? Bem, se soubesse responder estas questões, talvez não precisasse escrever. Escrever é um hábito daqueles que não conseguem resolver suas angustias de forma convencional.

Em seu sentido figurado, o acordar pode ser entendido como o se dar conta de alguma coisa. O sair de um estado de confusão ou obscuridade mental pra uma conscientização de uma realidade até então despercebida. E isso pode acontecer em vários níveis menores, no nosso cotidiano, ou violentos, algumas [ou nenhuma] vezes na vida. Sim, nenhuma... Fico pensando o que seria de mim se não tivesse parado pra resolver mudar minha vida. Me martirizo constantemente por não ser melhor do que sou, por me importar demais com que os outros falam, mas não sei como teria me reformado dessa maneira se não fossem as pessoas mais próximas de mim.

Assim, “acordei” lentamente várias vezes na minha vida, e acabo de acordar bruscamente! Não sei o que andei fazendo de noite pra acordar na minha cama de manhã com a certeza de que me dei conta de coisas que deveria mudar, e que me fez acordar pra uma verdade que me custa acreditar.

E assim, vivo em eterna luta entre o acordar e o dormir porque ou você quer entender o que aconteceu, ou fugir do que você acaba de perceber. Acordar pode ser doloroso quando nos mostra o que não queremos que seja verdade, mas quando acontece a adaptação completa ao estado desperto, o acordar pode [e deve] ser uma condição imprescindível para a vida.

Ninguém pode viver dormindo...